Começou hoje, no auditório do Colégio Técnico da UFRRJ, a XIV Semana Acadêmica do CTUR, que acontecerá entre os dias 20 e 22 de outubro. Neste ano, o evento tem como tema “Águas que Conectam: Saberes e Práticas para um Futuro Sustentável.”
A mesa de abertura foi mediada pelo professor e coordenador do curso de Meio Ambiente, Rafael Albieri, e contou com a presença dos seguintes convidados: Cláudia Moster, engenheira florestal e doutora em Ecologia Aplicada, coordenadora do Laboratório de Manejo de Bacias Hidrográficas; Cássio de Almeida Pires, geólogo e mestre em Hidrogeologia, fundador da empresa Geohídrica; e Gustavo Henrique Soares Guedes, doutorando em Biologia Animal.
Em um auditório lotado, os palestrantes ressaltaram a importância da água e da preservação ambiental. “A água está sendo colocada neste evento como um tema superimportante — e ela realmente é um fluido universal, algo que conecta tudo e todos”, afirmou a professora Cláudia Moster. “O desmatamento das florestas prejudica não só a recarga dos rios e aquíferos, mas também a proteção das montanhas e das pessoas contra deslizamentos e enchentes”, destacou o geólogo Cássio Pires.
Durante sua fala, Cássio alertou sobre a falta de saneamento básico em grande parte do país. Ele destacou a existência de um racismo ambiental, no qual pessoas, em sua maioria negras e de comunidades periféricas, são privadas de direitos básicos, como o acesso à água potável. “Em Belford Roxo, temos o quinto pior cenário hídrico da América Latina. A população periférica sofre na pele a falta de saneamento”, disse o geólogo, que completou: “Estive em um projeto social em Nova Iguaçu, e o povo lá trava uma guerra todos os dias para ter acesso à água. Então, você que tem água em casa, todo dia, valorize isso — porque nem todo mundo tem esse privilégio.”
O doutorando em Biologia Animal Gustavo Henrique Guedes falou sobre os desafios de conscientizar a população quanto à importância dos pequenos animais, como os peixes-das-nuvens. “Imagina falar sobre um peixe de três centímetros, pequeno, que vive num brejo. Como eu vou botar na cabeça de vocês que isso é importante, sabe? O que eu vou dizer? ‘Gente, presta atenção nesse peixe, ele é muito legal, ele é muito importante.’ Não dá”, afirmou.
Ele explicou uma de suas estratégias de sensibilização: “Já que eu preciso conscientizar, eu conto aquela historinha: o peixe come o mosquito da dengue, e se matar o peixe, aumenta o mosquito e você morre. É a famosa educação pelo medo”, explanou.
Gustavo refletiu ainda sobre a forma como a sociedade enxerga a natureza: “Atualmente, as pessoas só veem a natureza pela sua utilidade, sem valorizar sua verdadeira essência. Porque eu acho que, quando a gente pensa na importância da natureza, é porque a gente já está morto por dentro, sabe? Morremos, acabou. A natureza, a beleza, a existência, a vida já não nos bastam.”
A programação da XIV Semana Acadêmica do CTUR continua a todo vapor, com diversas oficinas, palestras e minicursos. Para saber mais sobre o evento, acesse:
https://sites.google.com/ufrrj.br/xiv-semana-acadmica
Fotos: Luan Cezário